Desigualdade, de forma simples, é quando a riqueza se concentra nas mãos de poucos. Um jeito simples de entender é pelo Índice de Gini, que vai de 0% (todos com a mesma renda) a 100% (uma pessoa com tudo). O Gini no Brasil é de 53%. Em termos práticos, há um grande abismo entre quem ganha muito e quem ganha pouco. Já a Noruega, por exemplo, fica por volta de 27%, indicando uma distribuição bem mais equilibrada, na qual as oportunidades são melhores para todos. Isso importa para toda a sociedade. Estudos do Fundo Monetário Internacional e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico mostram que a desigualdade elevada enfraquece o crescimento ao restringir o acesso dos mais pobres à educação e oportunidades, reduzindo o investimento em capital humano. Ela também gera instabilidade política e social, favorece decisões econômicas de curto prazo e aumenta o risco de crises financeiras. Sociedades mais igualitárias apresentam crescimento mais duradouro e estável, beneficiando ricos e os mais pobres.
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“Riqueza que não desce”
Existe uma ideia da década de 1980 de que, se os ricos ficarem mais ricos, toda a sociedade se beneficiará. O problema é que a realidade mostra o oposto: quando a renda dos 20% mais ricos cresce 1 ponto percentual (p.p.), o Produto Interno Bruto (PIB) per capita cai em média 0,08 p.p. ao ano. Já quando a renda dos 20% mais pobres aumenta 1 p.p., o PIB per capita cresce cerca de 0,38 p.p.. Esperar que a prosperidade “escorra” sozinha costuma falhar. O que funciona é agir para elevar a renda de quem está embaixo. Aqui entram políticas públicas de tributação progressiva (ou seja, mais imposto para quem ganha mais), fechamento de brechas e isenções que favorecem o topo, para fazer investimentos que cheguem a quem precisa (educação, saúde, etc.). No Brasil, porém, ainda se tributa muito o consumo e pouco a renda e o patrimônio. O projeto de lei 1087/25, que fixa uma aliquota mínima de 10% de imposto de renda efetivo para a alta renda, apenas equipara os mais ricos aos mais pobres, não havendo, de fato, imposto progressivo, como deveria ser feito. Mas, afinal, quem é “rico”? Pelos dados da Receita Federal, o 1% mais rico recebe a partir de cerca de R$ 34,7 mil por mês por pessoa; no 0,1% esse piso passa de R$ 146 mil (a média desse grupo é R$ 516 mil/mês/pessoa). Você provavelmente não está neste grupo.
Tratamentos alternativos para autismo: o que a ciência mostra
Alguns profissionais alegam que musicoterapia, probióticos, melatonina, acupuntura e dietas específicas ajudam a tratar autismo. Uma revisão ampla de 248 estudos analisou essas abordagens e trouxe um recado direto: ainda falta evidência confiável de benefício consistente para a maioria delas, sobretudo nos sintomas centrais do autismo, como comunicação social e comportamentos repetitivos. Quando surgem efeitos positivos, eles costumam ser modestos e aparecer em estudos pequenos ou com limitações que não permitem usar essa informação na prática clínica. Quando as pesquisas ficam mais rigorosas, os resultados tendem a diminuir. Isso não significa que nada funcione ou que a pesquisa deva parar; significa que, antes de recomendar essas opções como rotina ou investir dinheiro público, precisamos de estudos maiores e melhores, com medição clara de benefícios e riscos. Na prática, vale conversar com a equipe de saúde, priorizar intervenções com eficácia comprovada e, se testar algo complementar, fazê-lo com metas e avaliação objetiva ao longo do tempo.